Onde estava eu quando um governo apoiado pela Europa cortou a electricidade a dois milhões de pessoas? Onde estava quando foi bloqueada a entrega de comida, remédios e material hospitalar a dois milhões de pessoas? Onde estava quando destruíram as estruturas de abastecimento de água a toda uma população? Onde estava quando começaram a perseguir e prender activistas dos direitos humanos por se manifestarem contra o genocídio em curso? Onde estava quando “o mais moderno exército do mundo” com armas e bombas dos EUA e de países da Europa matou mais de 50 mil pessoas, a maioria das quais mulheres e crianças? “Onde estavas?”, perguntar-me-ão um dia as minhas filhas, netas ou netos. Eu sei que o farão, ao longo da minha vida perguntei o mesmo a pessoas mais velhas, na Alemanha e em Portugal, algumas delas da minha família. Onde estavam e o que fizeram ao longo dos anos em que regime nazi matou milhões de judeus, ciganos, comunistas, socialistas, homossexuais, opositores, deficientes, testemunhas de jeová ou católicos? Algumas disseram-me que não sabiam de nada e nada viram, outras perceberam e viram o que se passava, mas que as coisas eram assim, que estavam demasiado longe ou demasiado perto ou que tinham medo e não sabiam o que fazer ou que não lhes dizia respeito.
E nós, o que fazemos?
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