
Há quem ponha as mãos no fogo pelo Benfica e quem, seguindo o mesmo campeonato e os mesmos jogos, defenda até ao último suspiro as cores do Sporting ou do FCPorto. Eu não gosto de futebol, mas fascinam-me os bastidores, a forma como pensam os seus dirigentes, os adeptos, os moderados e os fanáticos. O futebol é a caricatura dum mundo maior, mais complexo e sinistro.
A partir dos mesmos textos sagrados, protestantes e católicos construíram narrativas antagónicas para se combateram até à morte por toda a Europa, durante séculos.
Sob a mesma ideia monoteísta e do mesmo deus, os descendentes de Sem, filho de Noé, são autores e vítimas dum genocídio em curso na Palestina, enquanto russos e rutenos se envolvem numa guerra fratricida que terá feito já mais de meio milhão de mortos em três anos.
As narrativas dos dois lados duma guerra, assentes no mesmo repositório de dados históricos, negam ao lado oposto qualquer razão e, no limite, o próprio direito de existir.
As narrativas são um dos expedientes para justificar o modus operandi de quem detém o poder. Como se constroem e como se tornam eficazes?
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